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Camilla Rodrigues, que engordou 30Kg na gravidez e perdeu a mãe no dia do nascimento dos gêmeos. A hora da virada foi quando fez uma bariátrica e recuperou a saúde para curtir os filhos João Pedro e Mila, hoje com 4 anos
Foto: Lucas Benevides
O médico indiano radicado nos Estados Unidos Deepak Chopra – um dos escritores mais lidos no mundo sobre espiritualidade e autoajuda, com 25 livros publicados, como os best-sellers “A Cura Quântica” e “As Sete Leis Espirituais do Sucesso” – acredita que, para alcançar grandes transformações a partir de pequenas mudanças de hábito e decisões assertivas, antes passamos pelo caos. Foi assim com a publicitária e influenciadora digital Paula Costa, de 26 anos, que abdicou de uma vida sedentária e mudou todos os hábitos com reeducação alimentar e atividades físicas, emagrecendo 22kg.
“Na época, vivendo no sedentarismo, acima do peso, comendo mal, bebendo muito álcool, eu não via a situação de forma caótica. Achava aquilo ‘normal’. Mas, olhando hoje, depois de dois anos e meio sem remédios, shakes, chás milagrosos, apenas alimentação natural e prática de atividade física, saí dos 77Kg para 55Kg. Vejo como as mudanças afetaram todos os pontos da minha vida, não só a mudança física, mas o meu amor-próprio, a minha relação com as pessoas à minha volta e com o meu trabalho. Hoje, não aceito menos do que acho que mereço, porque eu acredito que a gente sempre pode mais. A motivação sempre foi olhar tudo o que eu vinha conquistando, por menor que fosse”, analisa.
De acordo com a psicóloga Catia Veloso, a motivação para a tomada de decisão acontece a partir de diversos estímulos internos ou externos que podem vir de sensações de si ou do meio ambiente, das pessoas com as quais convive, da percepção ou sensação de suas vivências no mundo.
“A pessoa pode aumentar ou diminuir essa energia buscando se motivar positivamente, alimentando essa energia com coisas prazerosas, afastando as que considera desprazerosas. Pode também, ao contrário, diminuir, rebaixar essa energia se afastando das coisas que lhe dão esta percepção. A autoconfiança é marcada por confiança. É fundamental para se conseguir que se estabeleça a autoestima”, ressalta Catia.
O estopim para a mudança veio quando a publicitária recebeu um convite de casamento de um casal de amigos e queria estar bem consigo mesma naquele dia em especial. O sobrepeso afetava diretamente sua autoestima. A data do casamento se tornou um objetivo inicial para uma mudança que viria a se tornar maior do que ela imaginava. Hoje, Paulinha trabalha também como influenciadora digital e criou o projeto #30paramelhor, que nasceu com o intuito de dividir um pouco da sua vivência.![]()
Felipe Peregrino Buzanovsky decidiu trabalhar para o Médicos sem Fronteiras e passou a se dedicar a missões humanitárias em viagens pelo mundo
Foto: Arquivo pessoal
“Chegou um momento em que percebi que podia ajudar muitas pessoas contando a minha história. O projeto não é só sobre emagrecimento, falamos muito da forma como olhamos para nós e para o mundo. Na última edição, falei sobre autoestima, confiança, autocuidado e como a nossa energia influencia no todo. Afinal, podemos ser melhores em muitas coisas, e isso não é só sobre a forma física. Envolve sentimentos, vivência e emoção”, pondera.
O psicólogo Davi Macedo explica que, se queremos apoio das pessoas para mudarmos determinados hábitos, o melhor a ser feito é contratarmos “fiscais velados”.
“Por exemplo, se deseja parar de fumar, nada melhor que divulgar aos quatro cantos sua decisão. Daí para a frente, ficará fácil, porque aqueles que ouviram você falar, com certeza, quando você for pegar um cigarro, vão imediatamente te cobrar. A própria pessoa pensará duas vezes antes de fumar na frente de alguém”, adverte.
Para Cátia, a motivação é um dos fatores de manutenção de realizações pessoais, sociais, financeiras.
“Sabemos que o reforço positivo pode vir a alimentar nossas realizações, nossos desejos e que muitas pessoas necessitam de incentivo para continuar realizando tarefas. O feedback pode funcionar como uma energia impulsionadora que vitaliza a autoestima. Estar junto com outros que vivenciaram ou não situações semelhantes gera incentivos importantes no processo de reconstrução. As redes sociais criaram esta possibilidade de troca, de amparo, de escuta no momento em que nossa sociedade cobra cada vez mais de nós todos”, observa.
Esse momento de fim de ano e início próximo de um novo ciclo é a hora ideal para avaliar conquistas, nortear novas buscas e vislumbrar futuras vitórias. Algumas decisões em especial têm o poder de facilitar a famigerada busca pela felicidade, que, às vezes, está nos locais mais improváveis, como foi o caso do engenheiro niteroiense Felipe Peregrino Buzanovsky, de 38 anos, que trabalha para o Médicos sem Fronteiras e passou a se dedicar a missões humanitárias em viagens pelo mundo. Em 2008, ele era engenheiro na indústria aeronáutica e acabou demitido. Foi quando começou a pensar o que queria fazer. Lembrou de um evento em um festival literário que havia um jovem soldado alguns meses antes e se recordou também de uma conversa que teve anos antes com uma amiga psicológa, na qual ela contava de sua vontade de, eventualmente, trabalhar com o MSF.
“Pensei em todas as oportunidades que tive para poder estudar, me desenvolver, aprender idiomas e resolvi pesquisar mais detalhadamente sobre a organização. Vi que havia uma posição para expatriados, chamada Logístico, para a qual eu possuía os requisitos. A cada passo que damos, estamos fazendo escolhas e elas podem mudar seu futuro. Tropeçar em um buraco, conhecer alguém. Muitas vezes, escolhas não são fáceis de serem tomadas, mas a possibilidade de escolher deve ser valorizada. Em 2006, tive que fazer uma escolha que certamente contribuiu para o que sou hoje. Eu estava terminando meu mestrado em Engenharia Aeronáutica e prestes a ser contratado por uma grande empresa quando recebi a informação de que havia sido aprovado em um concurso público. Depois de muito pensar, resolvi não assumir o cargo e ficar no setor privado. Menos de dois anos depois, fui demitido com a crise e resolvi procurar o MSF”, lembra Felipe, que não nega as críticas iniciais que recebeu pela decisão. “Na época, meus pais ficaram um pouco preocupados de eu largar uma carreira de engenheiro, e minha mãe até perguntou se eu ia fazer voto de pobreza também. Mas, em seguida, expliquei melhor como era o trabalho e eles entenderam a importância e seriedade da organização”, conta o niteroiense.![]()
A publicitária e influenciadora digital Paula Costa, de 26 anos, perdeu 22kg depois de abandonar o sedentarismo e mudar todos os hábitos com reeducação alimentar e atividades físicas
Foto: Lucas Benevides
Destacando dois lugares em que esteve a trabalho e que o marcaram em especial – o Haiti e o Sudão do Sul – Felipe ressalta como sua vida mudou por completo com a tomada de decisão.
“Até 2008, eu era um jovem engenheiro de classe média, que tive apoio do núcleo familiar e acesso a coisas que muitos brasileiros não têm. Trabalhava as 44 horas por semana em uma empresa com fins lucrativos, me divertia nos fins de semana. Com a decisão, logicamente, abri mão de alguns desses prazeres, que fazem falta; porém, com o objetivo de trazer cuidados médicos para populações mais vulneráveis, seja por conflitos, catástrofes naturais ou epidemias. Quando acompanho as atividades, é sempre marcante ver o quanto as pessoas que vão procurar os hospitais ou centros de saúde ou clínicas móveis que fazemos saem com um sorriso no rosto após terem sido ouvidas e cuidadas. E essa é a maior motivação”, assume.
Segundo o psicólogo Davi Macedo, adquirimos cultura e valores morais para darmos nossa parcela de contribuição ao meio em que habitamos. Para ele, isso seria a função do ser humano: exercitando esse pensamento e espírito se obterá a sensação de felicidade, independente de qualquer posição que se exerça na sociedade.
“Devemos a cada dia buscar mais e mais conhecimentos e melhorar nosso emocional para melhor servir. Ser útil. É bom lembrar que a fé e a religiosidade são de suma importância, pois tornam o indivíduo com verdadeira autoconfiança. Levam o indivíduo a ter consciência de que ele não é perfeito, de que possui defeitos e esses defeitos irão atrapalhar a atingir seus objetivos. Esse comportamento irá torná-lo mais cauteloso. Irá torná-lo mais equilibrado com uma sensação agradável em seu interior, diria até mais inteligente. Pois, assim, passa a ser mais perceptivo, em comunhão com Deus. Isso relaxa a nossa mente e o nosso interior”, salienta. Para algumas pessoas, a mudança pode ser calculada nos mínimos detalhes. É o caso da analista de sistemas Patrícia Gomes de Mattos, de 44 anos, e seu marido, o administrador de empresas Rogerio Paulo Pires (52). Inicialmente, em 2016, o casal tinha o intuito de criar uma empresa que fosse lucrativa. Após pesquisas, viram que a maior demanda de mercado era cachaça, mas, antes de iniciar a produção, refletiram sobre o impacto da bebida na vida de muitas famílias e decidiram produzir algo que tivesse a ver com o conceito de vida deles e sua história.
“Decidimos fazer o que já tínhamos o hábito de fazer: nossos próprios temperos, e que, antes, dividíamos com a família. Produzimos nossos primeiros temperos, alfavaca com pimenta e sem pimenta, vendemos para amigos e familiares. Começamos a frequentar feiras para apresentar o produto. Atendíamos todo tipo de público: jovens, dona de casa, celíacos, veganos e não veganos. Era uma ótima pesquisa de campo. Percebemos que o nosso objetivo estava se realizando, o que nos fazia bem e fazia bem para outras pessoas”, enaltece Patrícia.
Hoje empresária, ela já havia passado pelo setor financeiro de grandes empresas. Abandonar sua carreira para se dedicar a um novo negócio não foi tarefa fácil. Com confiança e o apoio da família, nasceu a Tempero Caseiro – Velho Armazém. Seu marido criou as receitas e Patrícia criou a identidade visual, além de produzir, divulgar, vender e fazer degustações dos produtos.
“Claro que tudo que fizemos foi embasado em nossas experiências profissionais, fizemos um estudo de mercado, avaliamos potenciais concorrentes, verificamos a tendência do mercado em busca de alimentação saudável, mas, mesmo com tudo isso, é necessário uma dose de loucura para iniciar um negócio nas condições de incertezas em que o País se encontra. Coragem, fé e o apoio familiar são a base de tudo na vida. Me sinto muito feliz, e com uma gana de que tenho muito a realizar. Ainda não cheguei nem na metade do caminho. Quanto mais trabalho, mais portas se abrem”, diz confiante.![]()
Hoje empresária, Patrícia Gomes de Mattos, de 44 anos, deixou a carreira como analista de sistemas para se dedicar à sua marca de temperos saudáveis
Foto: Lucas Benevides
Em algumas degustações, onde Patrícia tem contato mais próximo com os clientes, percebeu o quanto todos querem ouvir a história do tempero e afirmam que planejam fazer algo, mudar de carreira também, mas que estão esperando o momento certo.
“Li que 80% das pessoas trabalham no que não gostam e desejam mudar, mas esse processo não é de um dia para o outro. Fico feliz em incentivar e receber tantos abraços de clientes novos, que falam que tenho boa energia. Temos que entender as suas necessidades e não tentar deduzir que ele precisa de algo. Não podemos desistir nos primeiros erros e devemos ter a certeza de que virão outros erros maiores. O certo é transformá-los em aprendizado. Somos capazes de muito mais que imaginamos. Essas frases, como tantas outras, parecem clichê, mas, quando vividas, fazem sentido”, recomenda.
Para mudar antigos hábitos, às vezes, podemos precisar de uma “mãozinha”, seja de ajuda terapêutica ou da medicina. Imagine uma mãe grávida de gêmeos, que engordou 30Kg na gravidez e perdeu a mãe no dia do nascimento dos filhos. A estilista Camilla Rodrigues, de 35 anos, se reergueu e encontrou nos bebês – Mila e João Pedro, hoje com 4 anos – força para continuar.
“Na gravidez, o que foi mais difícil era minha locomoção. Eu estava enorme, meus pés e minhas pernas muito inchadas, não conseguia ficar confortável sentada nem em pé. Não conseguia dormir bem. Queria me vestir bem e não conseguia comprar roupa em uma loja normal. A mudança começou quando percebi que não tinha mais qualidade de vida. Queria disposição para estar com a minha família.
Quando vi meu exame de sangue entrei em pânico. Estava com glicose e colesterol altos. Fiquei com medo de morrer e não ver meus filhos crescendo”, declara.
Foi então que decidiu recorrer a uma cirurgia bariátrica para realizar um sonho antigo, já que sempre foi vítima do efeito sanfona. Camilla optou pelo procedimento para ter a autoestima de volta, mas conta que não esteve deprimida e que a fé e o apoio do marido a ajudaram a passar pelas dificuldades.
“Na juventude, tomei muitos remédios para emagrecer. Antes de engravidar dos gêmeos, eu estava com 10Kg acima do meu peso. Mas estava bem, não estava obesa. Na gravidez, cheguei a pesar 100Kg. Um ano depois da cirurgia, já tinha atingido a meta médica. Emagreci 35kg. Eu sempre fui muito bem resolvida e acho que tudo o que passei até hoje me ajudou, sim, a ser o que sou agora, mas sei que ainda tenho muito o que amadurecer e melhorar”, relativiza.
Segundo a psicóloga Catia, a fé é uma fonte de energia impulsionadora que busca restabelecer o equilíbrio interno frente às frustrações.
“Essa fé também é a fé que se construiu ao longo dos anos, primeiro na confiança básica que temos nas primeiras pessoas com as quais nos vinculamos na vida. Dela expandimos para terceiros, por isso passamos a confiar nos amigos, colegas e expandimos para o mundo”, explica.
De acordo com Catia, precisamos sempre ressignificar nossa existência e usamos de exemplos, de espelhos quase o tempo todo na nossa vida: pessoas admiradas, pessoas significativas, pessoas com comportamentos exemplares fazem parte de registros emocionais, cognitivos e que são importantes na construção da nossa identidade.
“Esse processo de identificação nos ajuda a compor a autoimagem. Idealizar coisas ou pessoas nos faz conviver com fantasias/realidades distintas da nossa. Tudo isso pode nos trazer satisfação. Ao percebemos o que nos tornamos, o que podemos realizar, e o quanto podemos ser admirados, alimentamos a autoestima e a autoconfiança”, finaliza Catia Veloso.
Dicas do psicólogo Davi Macedo para 2019:
- Aproveite essa energia do início do ano para traçar seus objetivos, mas saiba, desde já, que eles exigirão seu esforço diário.
- Conscientize-se de que seus objetivos levarão você a desenvolver suas habilidades e capacidade e até mesmo seu emocional.
- Procure ajuda de profissionais para auxiliá-lo a vencer as adversidades que surgirão.
- Sempre que cada adversidade surgir, o tornará mais forte que até então. Pensar e agir assim fará você sentir a sensação de felicidade antes mesmo da concretização dos seus objetivos.
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