![]()
Aos 80 anos, Francisca Coelho de Almeida é estudante da Universidade Aberta da Terceira Idade (Univerti)
Foto: Lucas Benevides
Carolina Ribeiro
O ciclo de vida tradicional ensina que termina-se a escola para, em seguida, começar a faculdade. Mas por que seguir tão à risca a tradição em um mundo onde idosos vivem mais e melhor? Em uma época em que os idosos têm um tempo mais livre, é muito comum que eles queiram se especializar em alguma área e estudar.
Os amigos Wilson Gomes de Oliveira, de 65 anos, e Paulo Cesar de Almeida Quintino, de 62, escolheram Direito na Universidade Candido Mendes para se manter ocupados. Wilson, que é corretor de imóveis, conta que já fez graduação em Negócios Imobiliários e pós-graduação em Direito Imobiliário, assim, a área que escolheu para cursar está diretamente ligada à sua profissão.
“Também faço parte do conselho de ética do Conselho de Corretores e tenho que estar sempre atualizado e estudando para dar pareceres. Mas sempre gostei de estudar. Eu estou muito feliz com a escolha do meu curso, pois os professores são muito capacitados e também fui muito bem recebido pelos meus colegas de sala, que são bem mais jovens que eu”, diz o corretor, completando que, depois que ganhou mais idade, foi atrás de seus sonhos e o Direito era um deles. “Acho interessante que, com a idade avançada, fiquei mais paciente e disciplinado para estudar, e isso é uma vantagem. Com essa adrenalina de provas, fico ansioso, sinto como se tivesse 18 anos”, brinca o corretor, que comemora que, apesar da idade, ainda não sentiu nenhuma dificuldade de locomoção, visão ou audição, que atrapalhe seu desempenho nas aulas.![]()
Wilson Gomes de Oliveira e Paulo Cesar de Almeida Quintino fazem Direito na Candido Mendes
Foto: Lucas Benevides
Já Paulo tentou iniciar o curso perto de seus 30 anos, mas não conseguiu, pois precisava cuidar da filha pequena.
“Depois que você se aposenta, é importante ter alguma atividade para exercitar o cérebro. E direito é um assunto que está presente no nosso cotidiano, é sempre muito atualizado. Estou estudando para aperfeiçoar meu conhecimento na área e não penso em trabalhar, mas, talvez, me dedique em pesquisas e faça um doutorado em Ciências Contábeis”, antecipa o auditor e perito contábil.
Diferente dos amigos Wilson e Paulo, Francisca Coelho de Almeida, de 80 anos, diz que desejava estudar, mas não queria fazer provas ou estar preocupada com horários e ter muita obrigação.
“Me indicaram conhecer a Universidade Aberta da Terceira Idade (Univerti) e estou aqui desde o início da universidade. Eu era um ‘bichinho do mato’ e, agora, estou mais desenvolvida. É perceptível a minha melhora a partir do apoio que tive dos alunos, dos professores e das aulas. Atualmente frequento duas vezes por semana, por conta da minha idade, pois venho de ônibus e, agora, está mais difícil, mas essas duas vezes já me enchem de energia positiva para continuar o curso”, alegra-se Francisca, que já passou por vários cursos, mas hoje faz ensaios memória, canto coral e yoga.
?
A secretária e coordenadora dos cursos da Univerti, Aurenita Martins Caldas, explica que lá não há aprovação ou reprovação, mas os cursos buscam ensinar algo novo.
“De cursos temos alongamento, biodança, expressão corporal, canto coral, ensaios memória, para exercitar a memória do idoso, aulas de línguas, literatura, teatro e outras atividades”, conta Aurenita.
O recomeço
Tpografia
- Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
- Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
- Modo Leitura