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No dia 22 de março é comemorado o Dia Mundial da Água.
Foto: Douglas Macedo
Ela cobre cerca de três quartos da superfície da Terra, compõe mais da metade do corpo humano e é fundamental para a vida no planeta. Seu consumo ajuda a eliminar as impurezas do organismo, melhora a circulação sanguínea, deixa os cabelos mais brilhosos, macios, as unhas mais fortes e a pele mais bonita. Essas são algumas características da água, um composto químico formado por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, que, devido à sua importância, desde 1992, levanta discussões diversas no dia 22 de março, o Dia Mundial da Água.
Como a água é tratada?
No dia a dia consumimos, em média, 170 litros de água por dia sem sequer questionarmos como aquela água chegou até nós. Você sabia, por exemplo, que a água que abastece Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e a Ilha de Paquetá tem como manancial supridor os rios Guapiaçu e Macacu e é tratada na estação de tratamento de água (ETA) do Laranjal, operada pela Cedae? Captada no Canal de Imunana, a água é conduzida até uma elevatória de água bruta em Guapimirim, antes de ser bombeada até a ETA Laranjal, localizada em São Gonçalo. Este complexo de produção de água potável é constituído de três estações interligadas que possibilitam uma vazão nominal máxima de 7.0 m³/s. “Nosso sistema começa no município de Guapimirim, com a junção de dois rios que formam o Canal de Imunana. Inicialmente, o sistema de gradeamento retira material grosseiro, como galhos e plantas. Depois a água é conduzida até Itaboraí por um canal desarenador que prende a areia que entra neste canal e, então, a água percorre 15km até a ETA Laranjal. Hoje a estação trata 6,5 mil litros por segundo, mas a previsão para este ano é atingir a total vazão do projeto. Depois de tratada, segue para o Reservatório Amendoeira, com capacidade de 5 milhões de litros, para atender mais de um milhão de habitantes”, explica Luiz Carlos Grativol, gerente da ETA Laranjal.
O sistema de tratamento da estação é o tradicional. Na floculação, a adição de hidróxido de alumínio aglutina as partículas que estão em suspensão e dissolvidas na água. Na decantação, os flocos formados se depositam no fundo do recipiente, e, em sequência, na filtração, a água já decantada passa por um filtro e se livra dos micro-organismos e flocos restantes. A água, já potável neste estágio, ainda passa por três tratamentos complementares: a fluoretação, a floração e a correção de PH. “Primeiro é preciso avaliar a parte microbiológica para saber o grau de contaminação da água bruta quando ela chega na ETA e suas características físicas e químicas, assim, podemos transformá-la em água potável. Quanto melhor a dosagem das reações químicas, maior a remoção de lodo no decantador. Nossa eficiência chega a 98% de impurezas já na primeira fase. No filtro, mais 90% é removido da água”, relata Wagner Alves Veiga, chefe do Departamento de Tratamento e Controle de Qualidade de Água.
Para alcançar essa precisão, a estação de tratamento é simulada em laboratório com a coleta de seis amostras que, adicionadas ao coagulante, definem sua dosagem mais eficiente. Esse acompanhamento é feito 24h/dia, já que as condições da água variam. A medida em que a qualidade da água melhora, o consumo de produtos químicos e gastos diminuem. “Se eu gasto menos cloro, que acidifica a água,automaticamente gasto menos cal e flúor. Tem um efeito cascata. Tudo se resume em não errar a dosagem e remover no decantador acima de 95% de impurezas”, conclui. Após deixar o fluxo horizontal da estação de tratamento, que lembra o fluxo de um manancial, a água é bombeada para um reservatório superior e distribuída. Mas não para por aí. Posterior ao consumo nas casas fluminenses abastecidas pela Cedae, a água segue para as estações de tratamento de esgoto (ETE) da Águas de Niterói. Ao todo são oito estações de tratamento de esgoto em Niterói que conseguem coletar e tratar 90% do efluente – resíduos oriundos de atividades industriais e domésticas – do município.
A ETE Maria Paula, inaugurada no ano passado no bairro de Maria Paula, além de atender a região, trata o esgoto de Matapaca, Vila Progresso e Muriqui. Tem capacidade de tratar 63 litros de esgoto por segundo por módulo. Inicialmente, uma elevatória de esgoto bruto, que bombeia o fluxo de esgoto para um nível mais elevado, envia todo o esgoto para a ETE. Depois o tratamento preliminar integrado remove sólidos grosseiros, como absorventes e preservativos, que não deveriam ter sido descartados no vaso sanitário, e areia. Através de outra elevatória, o esgoto segue para a fase de tratamento biológico. “Nesta fase, as bactérias anaeróbias removem cerca de 60% da matéria orgânica do esgoto bruto. Esse tipo de bactéria causa um cheiro ruim, mas encontramos um meio de eliminar isso. É um processo interessante financeiramente, que não utiliza energia elétrica para remover de forma eficaz mais da metade dos poluentes”, explica Philippe Araújo, coordenador de operações de esgoto da empresa. O restante da matéria orgânica presente no efluente é removida com a injeção de oxigênio e com o auxílio de bactérias aeróbias.
O efluente, então, é enviado para o processo de clarificação, que ocorre em um decantador lamelar. Caso tenha acontecido um escape da bactéria no efluente, o lodo, como tem mais peso, fica preso no fundo do recipiente antes que o efluente final retorne à natureza. Estocado no fundo do decantador, este lodo é retirado, desidratado e encaminhado para um aterro sanitário. “Através de um equipamento que desidrata o lodo, conseguimos remover ao máximo a água presente nele. Essa é a última fase do tratamento do esgoto. A água retirada é devolvida após ser consumida, é um ciclo fechado”, completa o coordenador.![]()
Depois de tratada, a água sai da estação de esgoto pronta para ser devolvida a um corpo d’água
Foto: Marcelo Feitosa
Vital para o corpo
O corpo humano é formado de 60 a 70% de água, e o funcionamento correto do organismo está diretamente ligado a essa quantidade. Qualquer oscilação pode afetar diretamente o funcionamento da digestão, o metabolismo celular, o controle de temperatura corporal, a excreção de toxinas, entre outras atividades que estão relacionadas à água. Além do próprio metabolismo do corpo, que já consome água, as condições climáticas e a prática de atividades físicas determinam uma perda diária de líquido, estimada, em média, de 2 litros de água. Este líquido perdido precisa ser reposto, caso contrário o corpo entra em colapso.
“Quando não repomos essa quantidade de água, o funcionamento do corpo começa a ficar abalado e o sistema orgânico prioriza a circulação do sangue, com menos quantidade de líquido, aos órgãos vitais. O sangue que depura tudo o que vai para os rins diminui a quantidade, e essa depuração forma menos urina, deixando-a com a cor forte”, explica o médico Diogo Diniz, completando que a cor da urina e a sede são os dois indicadores mais eficientes de que não estamos ingerindo líquido suficiente.
Por não tomar a quantidade de água adequada, a produtora de moda Bia Gago, de 28 anos, conviveu por muito tempo com infecções urinárias frequentes. Até que um dia sentiu uma dor muito forte e descobriu um cálculo no ureter. Durante dois meses, Bia buscou diferentes tratamentos, e, sem sucesso, precisou operar. Ainda assim, não mudou muito seus hábitos.
“Não tomei vergonha na cara e continuo não tomando água direito. Minha médica me cobra muito e pega no meu pé. Fala que atrapalha a pele e o cabelo. Quando começo a beber água, quero ir toda hora ao banheiro e isso me irrita profundamente. O que eu bebo, bebo forçada”, confessa.
A escassez de líquido no corpo pode promover a queda da pressão arterial, diminuir o fluxo de sangue, acelerar o coração, causar confusão mental, tonteira, mal-estar, náusea e vômito. Quando estes indícios de desidratação não são percebidos a tempo, a situação pode se agravar, levando à extrema desidratação e falência de alguns órgãos.
Em contrapartida, há quem beba água em excesso. Trata-se de um sintoma chamado polidipsia, caracterizado por excessiva sensação de sede. Este sintoma causa uma hiponatremia, distúrbio hidroeletrolítico que acontece quando o excesso de água na corrente sanguínea dilui o sódio e sua concentração no plasma sanguíneo é menor que o normal.
“É um transtorno psiquiátrico que faz a pessoa ingerir água o tempo inteiro e pode causar tontura, vômito, levar a um estado de coma e até ao óbito. Não é comum, é o extremo do beber água”, ressalta o clínico Diogo Diniz.
A estudante Luiza Saidel, de 21 anos, tem uma vida ativa e pratica exercícios físicos de seis a sete dias na semana como musculação e corrida. Desde 2015, quando começou a buscar hábitos mais saudáveis, não sai de casa sem uma garrafinha de água, o que deu a ela o apelido de “a hidratada” na faculdade. Hoje seu corpo acostumou a tomar cerca de 4 litros de água por dia e a niteroiense chega a ficar desconfortável quando esquece de levar a garrafa na mochila.
“Consegui criar o hábito de beber água. Vou bastante ao banheiro e sinto que é saudável, que estou limpando o meu organismo. Chego a ficar desconfortável se saio de casa sem garrafa e alguém me pede água e diz: ‘Como você não tem água? Você sempre está com garrafinha!’”, conta.![]()
Ao lado a estudante Luiza Saidel é conhecida entre os amigos de faculdade como “a hidratada”. Ela não sai de casa sem uma garrafinha de água, e toma diariamente cerca de 4 litros.
Foto: Marcelo Feitosa
Água elementar
O pesquisador e escritor japonês Masaru Emoto constatou em um estudo que as estruturas moleculares da água se modificam quando expostas às palavras, sentimentos, música e até imagens. Sendo assim, como explica a atriz e terapeuta holística Julli Roldão, a água recebe em suas moléculas vibrações externas e pode ser um instrumento de cura.
“Como mais da metade do corpo é composta por água, nossa ligação com este elemental é muito forte. A água responde às nossas vibrações e isso está relacionado ao processo de cura, que transforma uma energia. É o primeiro e grande recurso que temos para rituais de limpeza e purificação”, explica.
No kardecismo, que entra em contato com a espiritualidade, diz-se que na água você recebe os fluidos que necessita para sua medicina. Assim como em diversos ritos religiosos em que a água é muito presente, no centro espírita, por exemplo, quando acontece um culto, as orações são feitas em torno de um recipiente com água, e, ao fim do ritual, aquela água é tomada.
“A água, a vida e a cura estão totalmente interligadas. Só existe vida na Terra porque tem água e ela tem o seu próprio campo energético. Algumas pessoas têm dentro de sua cabala pessoal uma ligação maior com a água doce, outras são ligadas ao mar”, completa. O próprio ato de tomar banho pode ser um ritual de limpeza quando tomado com consciência, assim como um mergulho no mar ou um banho de cachoeira. Colocando intenções, é possível deixar que a água carregue o que você deseja se livrar. “Você pode mentalizar que a água do chuveiro limpe todo o seu corpo e limpe toda a energia que você não quer mais vibrando. Também pode escrever em uma garrafa de água o que você precisa, por exemplo, paz, e beber aquela água”, ensina a terapeuta
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