Pets viajantes

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Gabriel Montenegro e a namorada, Juliana Pina, estão sempre viajando com a cadelinha Branquinha

Foto: Douglas Macedo

Quem tem o costume de viajar sabe o quanto é difícil deixar os “pets” em casa. Mesmo deixando água, comida e orientando alguém conhecido para cuidar, a preocupação é inevitável. Com isso, os donos que viajam tanto por terra quanto pelo ar têm se empenhado em adaptar os meios de transporte - que antes eram voltados só ao transporte dos humanos - ao conforto e segurança dos “bichinhos”.

Gabriel Montenegro, de 22 anos, viaja constantemente de carro com sua família, e Branquinha, sua cadelinha que faz parte da família há oito anos, não fica de fora.

“Desde sempre a levamos nas nossas viagens. Viajamos mais dentro do Estado, mas, quando fomos para o Ceará, também a levamos. Ela é bem dócil e obediente, gosta de estar perto e participando junto com todo mundo. Hoje em dia, quando viajamos, levamos só os itens básicos, que são a coleira, as vasilhas de ração e água e o jornal para as necessidades”, conta Gabriel.

Apesar de atualmente só viajarem de carro, sua primeira experiência foi pelos ares. Ela ainda era filhote quando eles planejaram a viagem para o Ceará e perceberam que não haveria condições de passar tanto tempo longe dela. 

“Para a viagem para o Ceará tivemos que comprar a caixa de transporte e pagar uma taxa a mais para poder levá-la. Mas, fora isso, foi bem tranquilo e ela gostou bastante. Como foi a sua primeira viagem, tomamos mais cuidado e levamos mais coisas que pudessem ser da necessidade dela, até porque ela era bem mais novinha e não sabíamos se ela se adaptaria ao novo”, lembra. 

Luiz Augusto leva seus três gatos frequentemente para a casa de praia na Região dos Lagos

Foto: Lucas Benevides

Hoje, sair de carro com ela já virou rotina para a família. Ele diz que Branquinha gosta tanto de sair que, quando alguém está se arrumando dentro de casa, ela já fica perto da coleira para não esquecerem dela.

Snow, a pitbull de Maria Fernanda Dias, de 23 anos, acabou de fazer sua primeira viagem de avião, só que dos Estados Unidos para cá. Sua história é bem incomum quando se trata da realidade americana.
 
“Eu e meu marido moramos e estudamos nos Estados Unidos e lá tem muitas youtubers que mostram a vida dos seus pets. Daí, uma amiga nossa aqui do Brasil que assiste a uma ficou sabendo que ela tinha achado a Snow na rua. Lá é muito incomum achar cachorros na rua, porque logo a proteção de animais pega e bota para adoção. A Snow estava em uma situação muito crítica. Ela teve que operar logo porque o veterinário suspeitou que ela era de um canil de procriação e, como era muito novinha, acabou tendo complicações”, explica Maria.

Quando a Snow já estava bem de saúde e cuidada, conseguiu alguém para adotá-la, mas o dono passou por uns problemas pessoais e resolveu devolvê-la. Como o esposo de Maria viaja muito a trabalho, ela não se sentia segura em ficar sozinha. Foi então que decidiram adotar a Snow. 

“A gente já tinha comprado a passagem para passar dois meses aqui no Brasil e, nos Estados Unidos, os cachorros são considerados terapia para casos de depressão e ansiedade. Com esse certificado, ele pode entrar em qualquer lugar, no mercado, no restaurante, não tem restrição. Mesmo ela sendo uma pitbull, eles não têm esse preconceito de raça, porque, se ela é um cachorro de suporte emocional, está ali para ajudar”, relata.

Maria explica, ainda, que depressão e ansiedade são bem críticos lá e o governo dá a devida atenção. Todo o atendimento para tirar o certificado de suporte emocional pode ser feito online, onde se preenche um questionário com várias perguntas sobre a vida do dono e sua relação com o animal. Há sete anos, Maria sofreu um acidente de carro e perdeu sua avó, entrando em depressão. Ela se tratou, mas, quando conheceu a Snow, acabou criando uma certa dependência.

Maria Fernanda e Pedro Ivo Dias moram nos Estados Unidos e trouxeram de lá a cadela Snow para visita aos parentes no Brasil

Foto: Douglas Macedo

“Tiramos o certificado e, de acordo com a lei, ela também pode voar com a gente. Como iríamos passar dois meses aqui, ia ser difícil para ela ficar sozinha lá, então decidimos trazê-la. Ela é bem agitada, então, tivemos que pagar um treinamento com uma adestradora antes de vir, mas, mesmo assim, o veterinário indicou um ansiolítico para ela tomar antes da viagem. Ela teve que ficar de jejum um dia inteiro, só pôde beber água até a hora de sairmos de casa e, antes de chegar no aeroporto, tivemos que dar uma parada para ela fazer suas necessidades, fora que, no dia anterior, tivemos que cansá-la bastante para ela ir dormindo no voo”, diz.

E os gatos também estão na estrada. O casal Cristiane Dart e Luiz Augusto Nunes achava que seria mais fácil ter gatos na correria das viagens do dia a dia - por achar que seriam mais independentes - e acabou comprando três bichanos. Hoje, depois de três anos, desconstruiu uma série de mitos com relação aos animais.

“Meu marido e eu não temos filhos, então, viajamos relativamente bem durante o ano. Quando peguei os gatos, tinha uma ideia de que eram mais independentes. Em caso de viagem, era só deixar a comida no pote, água, e estaria tudo bem. Só que isso tudo é mito, o gato não é mais independente, é muito ‘grudento’. Eles sentem muita falta. Nós temos uma casa de praia na Região dos Lagos e eu sempre levo eles comigo de carro”, conta Cristiane.

Luiz, por sua vez, esclarece que existem alguns cuidados que devem ser tomados, tanto com o transporte em si, como em relação ao preparo do gato para a viagem.

“Se a pessoa quer viajar com gatos, tem que acostumar desde filhote porque, se o gato já é ‘velhinho’, talvez seja mais estressante ter essa mudança de ambiente. Os vermífugos têm que estar em dia e as pílulas antipulgas devem sempre ser tomadas depois das viagens”, aconselha.

A médica veterinária Vanessa Quarteroli ressalta que, tanto para o cão, quanto para o gato, uma caixa de transporte segura e adequada para o tamanho é fundamental. Ela ainda recomenda o uso de cinto de segurança específico para animais.

“As paradas são fundamentais. A cada duas horas deve-se dar um intervalo para que o pet possa caminhar, fazer necessidades, se alimentar e beber água, tomando muito cuidado com o calor. Também é importante que se consulte o veterinário para que ele possa prescrever medicação para diminuir enjoo ou para eventuais emergências. Dependendo do destino, deve-se levar repelente próprio para animais e estar em dia com preventivo de filaria, bem como vacinação e preventivo de pulgas e carrapatos”, orienta.