Rainha do mar

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Paola Simão conta a sua relação de dez anos com o surfe

Foto: Divulgação

Por Daniel Malafaia

Como começou sua relação com o surfe?

Eu tinha 17 anos e, na época, namorava um rapaz que já era profissional de bodyboard. Aí me apaixonei pelo esporte. No primeiro ano, já fui para o Havaí e, de lá para cá, comecei a viajar direto para fora, tanto para participar de campeonatos, como para free surf.

E o que seria o “free surf”?

É a prática de viajar para lugares de poucos campeonatos e muitas ondas boas, como a Indonésia, por exemplo. Gosto bastante disso. Viajar e treinar.

Como big rider, você já deve ter enfrentado muitos desafios. Qual foi a maior onda que você pegou?

Foi em uma região do México chamada Puerto Escondido. É um lugar bem famoso, onde os surfistas que querem ondas grandes normalmente vão para treinar. Quando fui, as ondas não abaixavam de jeito nenhum. Foram 30 a 40 dias direto de ondas com uma escala de 10 a 12 pés - aproximadamente 3 metros. Ali definitivamente foi mais desafiador que qualquer lugar que eu já tenha ido.

O que mudou na sua vida na transição de atleta amadora para profissional?

Na verdade, apesar de eu ser uma atleta profissional, o bodyboard é meu complemento. Infelizmente, é muito difícil viver do esporte aqui no Brasil. Tem ano que nós temos bastante ajuda, tem ano que não temos nada. Este ano, por exemplo, estou sem patrocínio, mas, graças à Prefeitura de Niterói e à Secretaria de Turismo, tive a oportunidade de estar competindo uma etapa do mundial de bodyboarding lá em Nazaré, em Portugal. Então a gente vai tentando organizar o ano de acordo com as oportunidades que vão aparecendo. 

Paola coleciona títulos em campeonatos importantes

Foto: Divulgação

Como é a sua rotina de treinos?

Apesar de eu morar em Itacoatiara e considerar o lugar de melhores ondas para bodyboarding do Brasil, não é todos os dias que o mar está bom, então temos que recorrer a outros tipos de treinamento para condicionar o físico, como corrida e trilhas. Paralelo a isso, procuro sempre dormir cedo e manter uma alimentação balanceada. Ajuda bastante.

Ficando exposta ao sol com tanta frequência, como você faz para conservar a saúde e a beleza?

Isso é realmente muito difícil. Para a pele e para o cabelo, o sol é realmente destrutivo. É um sacrifício compensador para quem gosta, porque a gente está sempre treinando, sempre buscando melhorar. Isso me satisfaz muito. Mas tenho alguns cuidados, sim. Assim que eu acordo, já passo o protetor solar. Não economizo quando o assunto é produto para cabelo e cosméticos. Evito os horários entre 10h e 16h, porque o sol é bem nocivo, mas, mesmo de manhã cedo, costumo manter sempre os braços e costas cobertos com uma roupa especial.

Você já passou por vários países viajando, inclusive, morou quatro anos na Austrália. Ainda pretende sair do Brasil para morar em outro país?

Ainda não. Tento sempre viajar, mas o que me mantém permanentemente no Brasil é a minha família e uma empresa de turismo e aventura que eu tenho aqui no Rio. Isso me mantém sempre em contato com a natureza, porque minha tarefa é mostrar aos estrangeiros o que temos de melhor. Faço trilha de três a quatro vezes por semana. Enfim, eu amo o Rio, apesar de qualquer coisa.

Como você acha que está a representatividade da mulher no surfe?

Acho que agora melhorou bastante. Antigamente, nós éramos vistas como um objeto frágil, hoje esse tabu foi quebrado. O bodyboard é uma modalidade que sempre teve muito presente a figura feminina, mas agora equilibrou. Temos meninas em várias modalidades pegando ondas sem deixar nada a desejar, com atitude dentro e fora d’água, viajando bastante. A mulher tem conquistado respeito dentro do esporte e eu espero que as grandes marcas passem a reconhecer isso com apoio e patrocínio, que eu acho que nós merecemos.

E o que nós podemos esperar de Paola Simão para os próximos anos?

Na verdade, para esse ano de 2018 eu queria já ter fechado um apoio para que eu possa seguir com os meus projetos, mas ainda estou na luta. Pretendo para o ano que vem fazer mais viagens para lugares que eu acho essenciais tanto para nossa evolução como bodyboarder, quanto como pessoa: Indonésia, Havaí, Europa, México. Pretendo competir o circuito mundial, que no feminino tem de quatro a cinco etapas. Enfim, pretendo conseguir viver do esporte ou pelo menos deixar um legado para a próxima geração.