Santas agulhas

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Antes de usar o dermaroller, o profissional especialista utiliza uma luz antibactericida para esterilizar a pele. Após o procedimento, a vitamina C e o ácido hialurônico são aplicados na pele atingindo camadas mais profundas do tecido conjuntivo

Foto: Lucas Benevides

Tendência mundial no tratamento da flacidez, estrias e cicatrizes provocadas por acne ou queimaduras, o microagulhamento está sendo cada vez mais procurado nos consultórios.

O colágeno é o grande protagonista neste procedimento, que atua na reconstrução das fibras celulares contribuindo para um look mais saudável. Segundo especialistas, a técnica com agulhas provoca estímulos no organismo, que responde aumentando a formação desta proteína essencial para a beleza do rosto e do corpo.

De acordo com a fisioterapeuta dermatofuncional Cristina Guerreiro, além de induzir a formação de colágeno, o microagulhamento também potencializa a absorção de substâncias que são administradas durante o processo, como o ácido hialurônico e a vitamina C.

“A técnica consiste em um estímulo mecânico gerado pelo rolamento de um cilindro que contém de 120 a 540 microagulhas. A passagem deste cilindro gera milhares de microcanais na pele e isso nada mais é do que uma ‘desorganização celular’, que aumenta a permeabilidade cutânea e estimula os fibroblastos, células responsáveis pela produção do colágeno. Aproveitamos essa ‘desorganização’ para que as substâncias administradas durante o tratamento alcancem camadas mais profundas do tecido conjuntivo. O resultado é a reconstrução do tecido, a qual pode ser vista e sentida na terceira semana após a aplicação”, diz a fisioterapeuta, que tem formação em acupuntura estética facial.

Cristina ressalta, ainda, que, na primeira semana após a aplicação, o efeito é de inflamação leve e controlada. Na segunda há um aumento dos níveis de fibroblastos e, na terceira, o efeito já é de remodelagem com a melhora progressiva da aparência que ganha firmeza e luminosidade.

Logo após a sessão, o único produto recomendado para a região tratada é a água termal. Nada de maquiagem ou filtro solar. Estes produtos só podem ser utilizados pelo menos quatro horas depois. Caso contrário, o risco de formação de manchas é grande.

“Com um aparelho chamado dermaroller, provocamos um falso estímulo de lesão com agulhas que, dependendo da parte do corpo, pode variar de 0,5 cm a 1,5 cm. Para a face, utilizamos a de 0,5 cm. Já para algumas regiões do corpo, utilizamos a agulha de 1,5 cm. É o caso do tratamento de estrias brancas”, explica a especialista, que geralmente estipula uma pausa de 21 a 30 dias entre as sessões.

Já Thaís Carvalho, fisioterapeuta dermatofuncional da Rede Onodera, estipula um intervalo de 15 dias entre as sessões.

“O método pode ser feito em qualquer região do corpo como rosto, colo, pescoço, mãos, glúteos, braços, abdome, mamas e coxas. Também pode ser utilizado no couro cabeludo para estimular a circulação sanguínea”, complementa a profissional, que acrescenta que, após o procedimento, a recuperação costuma ser mais rápida em comparação, por exemplo, com os tratamentos a laser.

“A redução das manchas pode ser vista de 15 a 30 dias. Já a diminuição de rugas e cicatrizes levam um pouco mais de tempo. Podem ser notadas em cerca de três meses, quando ocorre o auge da produção de colágeno”, detalha Thaís, que, geralmente, recomenda 10 sessões para os pacientes.

A recepcionista Regina Mendes, de 50 anos, resolveu apostar na novidade. Ela, que nunca tinha se submetido a nenhum tratamento estético, decidiu que faria as sessões de uma forma preventiva para cuidar das linhas de expressão no rosto.

“Cheguei ao microagulhamento por causa de uma amiga que fez, gostou muito do resultado e me indicou. Achei que agora, aos 50 anos, era a hora de eu me cuidar. Com a idade chegando, a gente nota algumas mudanças que incomodam. Quero me sentir mais segura, com uma aparência mais saudável. Investir na autoestima”, conta Regina.

Apesar da grande procura pelo tratamento, o microagulhamento requer cuidados essenciais para que o efeito não seja desastroso. A técnica não é indicada para pessoas com problemas de coagulação sanguínea, diabetes e psoríase.

“O procedimento também não pode ser feito em quem possui acne, herpes, psoríase, propensão a queloides. O microagulhamento é um procedimento invasivo, precisa ser feito por um profissional habilitado para a técnica. A agulha não pode, de forma alguma, atingir vasos sanguíneos ou nervos sensoriais. Caso isso aconteça no rosto, por exemplo, pode haver uma celulite inflamatória”, informa Cristina.