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Segundo o autor a felicidade é subjetiva, diferente para cada um de nós

Foto: Divulgação

Alcançar seus objetivos e viver bem consigo mesmo e com as diferenças no mundo faz parte de um processo de conhecimento e reflexão que o autor do livro de nome incomum “Filogeministração”, o publicitário Claudio Marcio Neri, afirma ser possível aprender. O título da publicação, segundo o autor, é um conceito que nasce da junção de duas palavras e que resumidamente significa entender a origem de uma questão (a filogênese), para poder administrar melhor a sua vida.

Você fala que vivemos um modo de vida equivocado hoje. Poderia citar, dos nossos hábitos atuais, o que seria mais emblemático nessa sua afirmação?

Evoluímos e, com o tempo, fomos nos organizando socialmente através de inúmeras “regras” e, com elas, surgiram também os “padrões”, e, com isso, emergiu a necessidade individual de “se encaixar” nesses critérios, mesmo que essa “obrigatoriedade” faça a pessoa infeliz. O padrão de beleza, a necessidade de ascender socialmente, o homem ser macho; a mulher ser mãe; entre outros estereótipos, são tão desafiadores para quem procura isso, quanto para aqueles que descolam desses modelos e, como consequência, sofrem uma forte pressão social, como preconceitos, intolerância, segregação e sem falar na violência.

Ao mesmo tempo, você relaciona nossos problemas emocionais a esse contexto. Que patologias são fruto disso?  

Faço muitos projetos para indústria farmacêutica, condição que me possibilitou  entrevistar inúmeros médicos e pacientes de diversas patologias. Também me permitiu ratificar a existência de uma relação muito estreita entre as pressões sociais servindo como gatilhos para patologias emocionais, que vão desde um estresse até as mais graves, como a depressão, psoríase, artrite reumatoide, entre tantas outras que, inclusive, podem levar o indivíduo a consequências muito graves.

Por que acredita em uma boa administração pessoal para fazer frente contra os males de nossos tempos?

Defendo que grande parte dos problemas e barreiras pessoais são frutos da nossa própria cabeça e que a diferença de um empresário bem-sucedido para uma pessoa que se encolhe na mesmice é justamente a coragem de encarar o novo e superar os medos. Assim, explico que a pessoa que conhece e entende como determinadas coisas funcionam em seu corpo e seu ambiente consegue administrar e conduzir sua vida. Fica muito mais fácil, inclusive para identificar o que realmente lhe faz bem, o que lhe faz feliz. 

Acha que o conceito de felicidade que construímos nos prejudica? 

A felicidade é subjetiva, diferente para cada um de nós, variável de acordo com o nosso estágio da vida e necessária. Precisa acontecer para que tenhamos estímulo para viver. Meu ponto de partida é que felicidade é atingir objetivos específicos, em determinados momentos. O problema é que avaliamos nosso desempenho baseados nos padrões e nem sempre isso é o que realmente serve. Por isso, ressalto a importância de se conhecer primeiro, para aprender a lidar com sua “máquina de pensar”. Isso permite que a pessoa identifique qual é a real felicidade dela e não a dos outros.

Explique esse conceito que dá nome ao livro, “Filogeministração”. Essa palavra é uma criação sua?

Eu uni os termos “filogênese” e “administração” para dar nome ao conceito. Toda ação gera um resultado. Se você repetir exatamente a mesma ação com as mesmas condições, você terá o mesmo resultado. Isso mostra duas coisas: se a pessoa fizer sempre o mesmo, a vida será a mesma sempre. Já se fizer algo diferente, o resultado será diferente. A base do conceito é simples: conheça as origens da questão (a filogênese), que você encontrará a melhor solução (como administrar); conheça a origem, o processo evolutivo e seus componentes, e você poderá determinar muito do que vai acontecer no futuro. Não é sobrenatural, destino ou adivinhação, é filogeministração. 

E por que razão quis contar essa história através da visita de um extraterrestre?

Estamos na contramão daquilo que nos colocou como seres dominantes da Terra. No passado nos uníamos, trocávamos experiências e conhecimentos para evoluirmos, mas hoje vivemos cada vez mais isolados, individualistas e até querendo construir muros nas fronteiras. Paramos de confiar nas pessoas. Preferimos animais de estimação como companheiros do risco de um imprevisível humano. Colocando um alienígena com olhar de visitante na parte inicial do livro para descrever o nosso comportamento, me ajuda a baixar a guarda do leitor e explorar pontos polêmicos de nosso comportamento mais diretamente.

Por que o livro afirma que a simplicidade é necessária para atingir objetivos?

Criamos expectativas e aflições antes mesmo de algo acontecer, simplesmente pelo fato de haver a possibilidade de dar errado. São fantasmas que existem em nossas cabeças, que nós concebemos, alimentamos e os fazemos crescer. Analisar melhor nosso contexto nos possibilita reduzir substancialmente essas aflições, e nos lembra que problemas existem para todos e também são aprendizados ou etapas rumo aos objetivos. 

Que impacto você acredita que essa leitura vai ter na vida das pessoas?

O objetivo é tirar as pessoas do que acredito ser uma espécie de transe, do tal modo automático que promove o efeito manada. Um povo mais independente intelectualmente é um povo mais difícil de ser manipulado e, sendo mais conscientes de suas reais necessidades, se impõem diante de governos e empresas. É preciso entender que os modelos de gestão em todas as esferas sociais estão ultrapassados e algo diferente precisa ser feito. Por isso, minha proposta com esse conceito é por uma evolução pessoal, que culmina em um bem-estar comum.

Daquilo que está no livro, o que você aplica em sua própria vida e que resultados já obteve?

O equilíbrio da minha vida, da minha família, na educação dos meus filhos e gestão dos negócios, são todos baseados nesse conceito. São muitos os exemplos reais que menciono no livro. Para se ter uma ideia, desde o início, na dedicatória, que normalmente citamos pessoas próximas que contribuem de forma importante na vida ou na obra, fujo do convencional e agradeço aos bandidos que me deixaram apenas com as calças quando tinha 17 anos de idade. Isso para demonstrar a importância de entender o ambiente, interpretar a situação e fazer do problema um combustível para alcançar os seus objetivos e não para prejudicar a você e aqueles que o cercam.