Todas em uma

Revista
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Em seu trabalho, Evelyn Queiróz celebra a diversidade feminina através de uma personagem, a Negahamburguer, que aparece como vários tipos

Foto: Divulgação

Negahamburguer é uma personagem. Na verdade, muitas personagens. Criada pela talentosa paulistana Evelyn Queiróz, de 27 anos, Negahamburguer pode ser encontrada tanto nos muros, grafitada, ou em ilustrações em aquarela. Negahamburguer é inspirada nas garotas comuns e fora do padrão. Por isso mesmo, nunca é uma só. Negahamburguer também é protagonista do projeto “Beleza Real”, que conta com ações de grafite, intervenções urbanas, ilustrações e um blog. Em 2014, Evelyn reuniu 53 relatos de mulheres reais a ilustrações da personagem no livro “Beleza Real”. Em entrevista a O FLU Revista, a mente criativa por trás da personagem fala sobre sua trajetória, sua arte e seus projetos.

Você desenhava desde que era criança. Depois que ficou mais velha, chegou a fazer algum curso para aprimorar sua técnica?

Fiz design de interiores e design gráfico, mas fazia mais desenho técnico e digital, então, não influenciou em quase nada no que faço hoje.

Como o grafite entrou na sua vida?

Eu sempre admirei muito street art e, em um momento, quis começar a fazer. Comecei a desenhar uns rascunhos para fazer na rua. Quando tive um pouquinho mais de coragem, fui fazer um na praça perto de casa. Fui conhecendo pessoas perto de mim que pintavam também e acabei começando a ir junto também.

A sua arte sempre esteve ligada ao ativismo feminino?

Não. Foi um processo natural. Conforme ia conhecendo o feminismo, lendo, me informando, eu ia colocando minhas opiniões nas ilustrações.

NegaHamburguer é o nome de uma boneca que você tem desde a infância. Mas foi você que deu esse nome meio “diferentão” para a boneca?

Não faço a mínima ideia (risos). 

A Negahamburguer é uma personagem feliz?

A personagem sim. Na verdade, são várias. Nunca é a mesma. Tento representar o máximo possível para que muitas se reconheçam.

Além do grafite, às vezes você cola adesivos em ônibus, paredes, etc. Você acha que essas intervenções no espaço urbano podem fazer a diferença na vida das pessoas?

Eu boto uma fé que sim. Às vezes, eu estou meio desanimada e vejo um grafite que me agrada e meu humor muda pra melhor. As cores, a mensagem. Por isso acho importante pensar no significado do seu trabalho para o coletivo, pois a rua é pública e interfere de alguma forma na vida de todos que passam por ela.

O “Beleza Real” foi viabilizado com uma quantia arrecadada pela internet. Você conseguiu arrecadar esse dinheiro rapidamente?

A gente tinha 60 dias e conseguimos em 19. Eu não esperava mesmo que pudesse ser tão rápido. No final, dos 60 dias, a gente dobrou o valor, então deu para fazer um trabalho muito mais elaborado.

Como foi o processo de recolher os mais de 50 relatos que estão no livro? Essas meninas chegaram até você, ou você foi atrás dessas histórias?

Essas histórias começaram a chegar para mim por e-mails e inbox. Inclusive, foi por isso que tive a ideia do projeto do livro. Grande parte dos relatos eu recebi antes de idealizar o livro.

Você participa de exposições, grafita na rua, faz ilustrações digitais e pinturas. Qual dessas é sua forma preferida de mostrar a sua arte?

Sempre muda. Costumo testar com frequência novos materiais e plataformas. Atualmente, a aquarela está sendo a que mais me satisfaz. Mas é sempre algo de momento. Pode mudar.