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Carla Giglio e Alice Erthal encontraram na yoga um instrumento de equilíbrio que pode ser levado a qualquer lugar
Foto: Lucas Benevides
Milenar, a Yoga é em uma prática que busca a unificação da mente, do corpo e da alma como forma de melhorar o bem-estar mental, físico e espiritual das pessoas. Por isso, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco) acaba de declarar a atividade como um patrimônio imaterial da humanidade. Muito além de modismos de celebridades e redes sociais, a yoga, ioga ou iôga - termo inventado por novos adeptos - agora faz parte do seleto grupo de expressões culturais preservadas, em respeito à sua ancestralidade, para as gerações futuras.
A decisão de considerar a yoga patrimônio foi tomada por 24 membros do Comitê Intergovernamental da Unesco, durante uma reunião anual, realizada na Etiópia. A entidade considerou que a prática e filosofia já influenciou positivamente numerosos aspectos da sociedade, como medicina, educação, artes, entre outros.
Moradora de Niterói, a assessora de comunicação Luiza Pires, de 34 anos, pratica a yoga há oito e garante que a atividade lhe traz diversos benefícios.
“A yoga entrou na minha vida através de um vídeo de surf do meu marido com uma instrutora americana chamada Peggy Hall, que montou uma sequência pensando em auxiliar a prática do surf. Comecei a fazer essa sequência e não parei mais”, explica Luiza, ressaltando os benefícios da prática. “Me faz muito bem em vários sentidos. Na questão física, por exemplo, a yoga é um desafio constante e prazeroso, as sequências de posturas proporcionam ganho de equilíbrio, força e alongamento. Já na parte emocional, me ajuda a manter a mente no presente, sem deixar os pensamentos correrem soltos, enfim, ajuda na concentração”, elogia Pires.
A notícia foi recebida com muita alegria, pois a prática nunca foi uma exclusividade dos indianos, mas, sim, ensinada a todos de forma a trazer, justamente, benefícios para toda humanidade, como explica o professor de yoga Carlos Henrique Viard Jr.
“Não estamos nos referindo a trazer os hábitos culturais da Índia para nossas vidas, mas, sim, adotarmos um método universal de autoconhecimento que nos traz muitas vantagens. O método clássico é dividido em oito etapas. A primeira etapa, em especial, se chama ‘Yamas’ e tem como objetivo viabilizar a convivência fraterna entre os seres humanos, através dos preceitos: não ser violento, não mentir, não roubar, não cobiçar e ter uma conduta sexual controlada e saudável. Podemos ver, assim, como faz sentido a yoga ser tombada como patrimônio da humanidade”, ressalta Viard.
A razão para um reconhecimento tão importante certamente está relacionada aos resultados obtidos pelos praticantes, acredita Carlos Henrique.
“Não é raro, ao visitarmos locais onde se pratica yoga, ouvirmos os mais variados relatos de pessoas que transformaram suas vidas. Muitos encontraram na prática um grande apoio para resolverem questões de saúde como depressão, ansiedade, insônia, pânico, lembrando sempre que a atividade nunca substitui o acompanhamento médico ou psicológico. É muito mais que uma atividade física, embora beneficie muito o corpo, desenvolvendo, por exemplo, mais flexibilidade, força, resistência, relaxamento, equilíbrio, melhorando a respiração e etc. O objetivo fundamental é eliminar o egoísmo, pacificar as emoções, acalmar a mente e experimentar a plenitude do estado de meditação”, afirma o professor.
Desde as práticas físicas (yogasanas), a entoação de mantras, meditações, exercícios de respiração, serviço voluntário e o estudo de escrituras alinham ação e conhecimento, disciplinando o corpo e a mente para o reconhecimento da nossa verdadeira natureza, afirma Beatriz Gaspar - instrutora de yoga e voluntária do grupo Arte de Viver, em Niterói.
“Yoga trata, acima de tudo, de ação. De desenvolver ao máximo nossa habilidade através da ação”, ressalta Gaspar.
As moradoras de Niterói Carla Giglio, de 28 anos, e Alice Erthal, de 35, encontraram na prática um instrumento de equilíbrio que pode ser levado a qualquer lugar.
“É um encontro com a minha essência, uma prática que vai comigo onde eu for”, afirma Carla.
“A prática me oferece recursos para que eu possa administrar o estresse no dia a dia. Me ensina a conhecer e respeitar meus próprios limites”, complementa Alice.
A ONU já havia estabelecido em 2014 a data de 21 de junho como o Dia Internacional da Yoga. A prática se tornou o 13º patrimônio imaterial indiano, assim como a Dança Chhau (2010), o canto budista de Ladakh (2012), o canto ritual Sankirtana, a dança de Manipur (2013), o artesanato de cobre de Thathera de Punjab (2014), entre outros. Já o Brasil conta com 13 bens culturais tombados pela Unesco, sendo Minas Gerais o Estado com a maior quantidade de honrarias. Por aqui, no Rio de Janeiro, fazem parte dos patrimônios monumentos como o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, o Jardim Botânico e a Praia de Copacabana.
Um bem de todos nós
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