Vaginismo

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O vaginismo tem cura, mas o tratamento depende da identificação correta da causa

Foto: Reprodução de internet


Por mais que não sejam tão conhecidas como as masculinas, as disfunções sexuais femininas existem e são mais comuns do que as pessoas pensam. Entre elas está o vaginismo, que geralmente tem origem psicológica e atinge um grande número da população feminina mundial, que pode passar a vida toda sem saber do problema.

“O vaginismo é caracterizado pela contração da musculatura pélvica de forma involuntária, como uma reação ao medo da dor na hora da penetração vaginal. Para que essa contração aconteça, não precisa haver a penetração em si, basta ter algum movimento ou ação que remeta a esse pensamento para ativar o reflexo”, explica a ginecologista e sexóloga Mariana Maldonado. 

Normalmente, apresenta como sintoma a dor e pode ter como origem um transtorno emocional. Segundo a professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e chefe do ambulatório de planejamento familiar, Renata Aranha, o problema, tradicionalmente, se define como dor causada pela contração involuntária, recorrente ou persistente, da musculatura do terço externo da vagina, mas não há um consenso quanto a isso. 

“É possível que haja outros músculos envolvidos, talvez todo assoalho pélvico”, pontua ela. “Parece algo paradoxal, e de fato é. Na hora em que a mulher precisa estar relaxada para permitir a penetração sem dor, ela se contrai, e quando existe a tentativa de penetração, aí efetivamente dói por estar com a pelve contraída. Isso reforça a ideia de que a penetração é dolorosa, criando um círculo vicioso em torno da situação e trazendo sofrimento físico e psicológico”, conta a sexóloga.

É difícil ter estatísticas precisas sobre a incidência do problema, que pode acometer entre 5% e 42% da população feminina mundial, segundo pesquisas em clínicas de saúde sexual. Um estudo mostra que apenas 28% das mulheres com uma história de dor prolongada e grave durante a relação sexual procuraram o médico para essa finalidade. “Esse é um assunto pouco falado mesmo nos serviços de saúde. As mulheres, muitas vezes, não falam espontaneamente sobre essa queixa”, afirma Renata.

As especialistas destacam que o principal motivo para que isso ocorra é a falta de informação sobre a disfunção. Por se tratar de um assunto que lida diretamente com o prazer sexual feminino em uma sociedade que ainda não se preocupa com a satisfação da mulher nas relações sexuais, pouco se fala sobre. Elas dizem ainda que a mulher geralmente se habitua às condições e, muitas das vezes, não se sente permitida a buscar a resolução do problema, por vergonha ou por nem saber que há um problema que pode ser tratado.

De acordo com as especialistas, alguns dos fatores que podem ajudar a desencadear o problema são de origem psicológica, como dificuldades de relacionamento, falta de conhecimento do corpo (inclusive da região genital), ansiedade extrema, educação repressora, ideias negativas em relação à sexualidade, histórias de traumas ou abuso sexual. Há também fatores orgânicos e vias que podem levar a dor na vulva e vagina, como anomalias congênitas, inflamação aguda ou crônica, atrofia, perda de integridade epitelial e sensibilização do sistema nervoso central, porém, muitas vezes, não são sequer diagnosticados.

O vaginismo tem cura, mas o tratamento depende da identificação correta da causa. Ele ainda pode ser dividido em primário (de fundo psicológico) e secundário. Nos casos primários, o tratamento psicoterápico associado à terapia comportamental com exercícios costuma ter bons resultados. No secundário, a correta identificação e o tratamento da causa costumam resolver a maioria dos casos. 

“É importante educar essas mulheres e dar conforto em seu atendimento, já que são essas as que justamente mais temem o exame ginecológico. Elas precisam estar confiantes e querer buscar ajuda”, conclui Renata. 

Fique atenta:
o O problema pode acometer entre 5% e 42% da população feminina mundial

o Apenas 28% das mulheres com uma história de dor prolongada e grave procuraram ajuda médica

o Segundo especialistas, alguns dos fatores que podem ajudar a desencadear o problema são de origem psicológica, como dificuldades de relacionamento, falta de conhecimento do corpo (inclusive da região genital), ansiedade extrema, educação repressora, ideias negativas em relação à sexualidade, histórias de traumas ou abuso sexual.