Câncer infantil: a importância de ter um diagnóstico precoce

Diagnóstico precoce é fundamental, pois permite taxas de cura de até 80%, desde que a doença seja detectada precocemente, isto é, em estágio inicial e que a criança tenha rápido acesso ao tratamento - Foto: Marcello Casal Jr/ABr

Saúde
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Em 23 de novembro comemora-se o Dia Nacional de Combate ao câncer infanto-juvenil. Esta data foi instituída para estimular ações educativas e preventivas relacionadas ao câncer infantil, promover debates sobre as políticas públicas de saúde contra a doença, apoiar atividades desenvolvidas pela sociedade civil em prol dos pacientes, divulgar os avanços científicos e apoiar as crianças com câncer e seus familiares.

Ações como o "novembro dourado", com a instituição do laço dourado que é a cor da fita da consciência do câncer infanto-juvenil, visam chamar a atenção para esse grupo de doenças, que têm como principal aliado o seu diagnóstico precoce.

Esperamos com esta matéria, redigida por pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e Pós-Graduação em Saúde Materno Infantil pela Universidade Federal Fluminense (UFF), contribuir para melhorar o conhecimento sobre esta doença de forma simples e objetiva.

O câncer é uma doença rara na criança, correspondendo a cerca de 1-4% dos tipos de câncer em geral. Segundo estimativas do INCA, no Brasil são esperados para os próximos três anos (2020 a 2022) 8.460 casos novos de câncer infanto-juvenil por ano.

Diferente do câncer do adulto, o câncer na criança costuma afetar as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação, e em geral apresenta crescimento rápido. Dessa forma, o diagnóstico precoce é fundamental, pois permite taxas de cura de até 80%, desde que a doença seja detectada precocemente, isto é, em estágio inicial e que a criança tenha rápido acesso ao tratamento.

Atualmente tem sido observado aumento significativo na sobrevida das crianças e adolescentes portadores de câncer. Isto se deve aos avanços nos exames que permitem o diagnóstico mais rápido, nas técnicas cirúrgicas utilizadas, na quimioterapia combinada, isto é, o tratamento com vários tipos de medicamentos ao mesmo tempo, e aos modernos equipamentos de radioterapia. Mas apesar disso tudo, o câncer ainda é a segunda causa de morte em crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, perdendo apenas para acidentes, e é a primeira causa de morte por doença.

O tratamento desta doença deve ser realizado em centros especializados, que disponham das três principais modalidades terapêuticas: cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Vale ressaltar que a maioria dos pacientes terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado.

O que acontece no câncer infantil é uma multiplicação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do corpo da criança. Mesmo com todo avanço nas pesquisas, ainda pouco se conhece sobre a origem dessa doença, mas parece existir influência de fatores genéticos e ambientais. Sabe-se que o câncer que se manifesta numa idade precoce, pode estar relacionado com exposição a fatores ambientais na vida intrauterina, atingindo o feto que está em desenvolvimento. Também há estudos que mostram relação com a dieta materna na gestação, com exposição ocupacional dos pais ou com infecção na primeira infância.

Os tumores mais comuns na criança são as leucemias. A leucemia se origina na medula óssea que está presente dentro dos ossos. É na medula óssea onde os três componentes do sangue são formados: glóbulos vermelhos ou hemácias, glóbulos brancos ou leucócitos e plaquetas, e a leucemia afeta inicialmente os leucócitos que são as células de defesa da criança. Depois das leucemias, os tumores mais comuns são os tumores cerebrais, seguido pelos linfomas, que comprometem o sistema linfático.

Na maioria dos casos, os sinais e sintomas do câncer na criança são decorrentes do local acometido e de seu consequente crescimento em relação aos tecidos normais adjacentes.

No início, a doença é difícil de ser reconhecida, dificultando assim o diagnóstico e retardando o tratamento. Por outro lado, se descoberta logo, será mais fácil de tratar. Já a doença em fase avançada é mais fácil de ser reconhecida e diagnosticada, porém é mais difícil de tratar.

A dificuldade em se diagnosticar precocemente o câncer infantil é porque os sinais e sintomas da doença podem ser semelhantes aos de doenças benignas, além do fato da criança apresentar-se em condições razoáveis de saúde no início da doença, o que geralmente leva a um atraso no diagnóstico.

No Brasil, de acordo com dados dos registros de câncer, infelizmente, muitos pacientes são encaminhados aos centros de tratamento com a doença em estágio avançado.

É importante que os pais estejam sempre atentos aos seus filhos, de forma que possam reconhecer quaisquer sinais de anormalidades, e que procurem o pediatra para uma avaliação. Os principais sinais do câncer infantil são palidez sem explicação, manchas roxas e sangramento pelo corpo sem nenhum motivo, dor nos membros ou nas juntas, com ou sem inchaços, sem história de trauma ou sinais de infecção, perda de peso sem explicação, febre por mais de 7 dias sem causa aparente, caroços ou inchaços, geralmente indolores e sem febre ou outros sinais de infecção, tosse persistente ou falta de ar, sudorese à noite, alterações nos olhos como pupila branca, estrabismo de início recente, perda visual, hematomas ou inchaço ao redor dos olhos, dor de cabeça acompanhada de vômito, tontura e perda do equilíbrio, cansaço ou fadiga. Cabe ressaltar que estes sinais e sintomas se apresentam em várias outras doenças muito mais comuns do que o câncer infanto-juvenil.

Então fique alerta quanto ao aparecimento de sinais e sintomas acima descritos. Procure logo a unidade de saúde mais próxima para seu filho ser examinado.n