Meu filho é prematuro. E aí, como deve ser a alimentação?

Banco de leite humano do Hospital Universitário Antonio Pedro: doação do leite excedente ajuda a salvar vidas de bebês prematuros - Foto: Divulgação/Hospital Antonio Pedro/UFF

Saúde
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Em 2009 foi criado o "Dia Internacional da Sensibilização para a Prematuridade", que é comemorado no dia 17 de novembro em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Trata-se de um alerta para que se tente reduzir as taxas de prematuridade e assim contribuir para redução da mortalidade neonatal e das várias sequelas resultantes da prematuridade.

Esta matéria, redigida por pesquisadores da Pós-graduação em Saúde Materno Infantil da Universidade Federal Fluminense, enfatiza a importância do aleitamento materno na alimentação do bebê prematuro.

O leite materno é a alimentação ideal para todo e qualquer recém-nascido e, por possuir propriedades únicas, confere proteção contra doenças não somente na infância mas também na idade adulta. Segundo a Organização Mudial da Saúde (OMS), o aleitamento materno é recomendado nos primeiros seis meses de vida de forma exclusiva, isto é, apenas leite materno, sem precisar acrescentar outro tipo de líquido ou leite. Depois destes seis meses, o aleitamento materno ainda deve ser mantido até dois anos ou mais, porém associados a alimentos complementares, necessários para suprir as necessidades crescentes da criança.

Diferente dos outros tipos de leite, que têm uma composição padronizada, o leite materno possui uma composição que varia ao longo do dia de acordo com a alimentação da mãe, conforme o crescimento do bebê e até mesmo durante uma única mamada.

Nos primeiros dias após o parto, o leite é chamado de colostro, que é um leite mais amarelado e com menor volume. Muitas mães acreditam que esse leite não satisfaz o seu bebê e o desvalorizam. No entanto, o que elas não sabem é que o colostro é rico em anticorpos, que protegem o recém-nascido nesta fase tão vulnerável da vida, contra muitas infecções; podemos até compará-lo com o antibiótico utilizado contra as infecções bacterianas, por ser tão importante no combate às infecções.

É importante destacar que o leite materno possui em sua composição, além de água, vários tipos de proteínas, açúcares, gordura, vitaminas e minerais, compostos bioativos com propriedades antimicrobianas, células de defesa e até mesmo bactérias benéficas ao organismo do bebê.

Um dos componentes mais variáveis do leite materno é a gordura, que é responsável por 50% de toda a energia oferecida ao bebê, contribuindo, assim, de forma significativa para o seu crescimento. Uma forma de aumentar a quantidade de gordura no leite materno é o esvaziamento completo da mama, que permite alcançar o chamado leite posterior (aquele do final da mamada). Um recente estudo realizado na maternidade do Hospital Universitário Antônio Pedro e na Maternidade Alzira Reis avaliou a quantidade de gordura do colostro e observou que ocorre uma maior concentração de gordura no leite das mães duas horas após o almoço. Sendo assim, é importante que mulheres que estejam amamentando não deixem de se alimentar de forma saudável, ou seja, enquanto a mãe estiver amamentando, em geral não há indicação para a realização de dietas que restrinjam a alimentação, a não ser as indicadas por equipe de saúde.

O problema é a criança prematura que infelizmente não pode ser alimentada diretamente por sucção ao seio de sua mãe, pois são bebês pequenos com pouca capacidade física para o esforço da sucção ao mamar. Nesses casos, é possível utilizar leite materno ou de doadoras, que seriam oferecidos aos bebês por maneiras alternativas, sem exigir a sucção do bebê. Esse leite pode ser o ordenhado pela própria mãe do recém-nascido prematuro ou vir de um banco de leite.

A Rede Brasileira de Banco de Leite Humano é considerada pela OMS a maior e mais complexa do mundo. Sabe-se que um litro de leite materno doado pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia e que, a depender do peso do prematuro, 1ml de leite já é suficiente para o início da sua alimentação. Dessa forma, não é necessária uma grande produção de leite para se tornar uma doadora e não existe volume mínimo de leite para ser aceito como doação. Portanto, você que amamenta e tem uma produção maior que a necessária para o consumo do seu bebê, pode ajudar a salvar vidas, especialmente de bebês prematuros, doando esse precioso alimento.