Apêndice: pequena estrutura que pode causar grandes complicações

Apendicite causa dor abdominal, mais especificamente do lado direito na parte baixa do abdome, febre e vômitos - Foto: Reprodução da internet

Saúde
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Apendicite é a inflamação do apêndice. Foi descrita pela primeira vez por Reginald Heber Fitz, em 1886. É uma das causas mais comuns de dores abdominais de forma aguda e intensa em todo o mundo.

O apêndice é uma estrutura saculada, em formato de tubo, localizada na região inferior direita do abdome, mais especificamente no ceco, que corresponde à primeira porção do intestino.

Na maioria dos casos, essa inflamação ocorre por uma obstrução da luz do apêndice, pela retenção de diversos materiais, sendo o principal deles restos fecais. O quadro inflamatório infeccioso dessa patologia é mais comum nas faixas etárias de 20-30 anos, podendo se apresentar de forma leve à extremamente grave, estando presente também em criancas, idosos e gestantes.

Os sintomas mais comuns são:

• Anorexia (falta de apetite)

• Dor abdominal, mais especificamente do lado direito e na parte baixa do abdome. A dor costuma ser localizada, e ir aumentando de intensidade

• Febre

• Náuseas e vômitos

Em cerca de 40% das pessoas esses sinais e sintomas podem não ser típicos , sendo confundidos como uma dor abdominal inespecífica, de origem não cirúrgica.

Os sintomas podem ser atípicos em criancas, idosos e gestantes. A apendicite é mais silenciosa no idoso e a manifestação inicial pode ser de uma massa ligeiramente dolorida (abscesso apendicular primário) ou com obstrução intestinal produzida por aderências de perfuração apendicular não detectada previamente.

Na gestação, a sintomatologia pode se confundir com queixas ginecológicas ou obstétricas .

A apresentação da apendicite depende também da posição anatômica do apêndice, podendo ocorrer dor abdominal atípica e ausência de hipersensibilidade abdominal, se a localização do apêndice é pélvica ou retrocecal.

A apendicite pode ocorrer por um bloqueio da cavidade do apêndice, geralmente por um acúmulo de fezes calcificadas, ou secundário a uma inflamação do tecido linfoide, por uma infeção viral, por parasitas, cálculos biliares ou até mesmo tumores.

Esse bloqueio gera um aumento da pressão no apêndice, ocasionando uma diminuição do fornecimento de sangue aos tecidos apendicular, favorecendo o crescimento de bactérias que levam a inflamação.

Esse conjunto de alterações inflamatórias provoca lesões importantes e até a morte dos tecidos. Se este processo não for tratado, o apêndice pode romper, e as bactérias acabam sendo liberadas para dentro da cavidade abdominal, com presença de pus , levando a peritonite, com quadro de dores abdominais intensas, devendo ser feito o diagnóstico para tratamento efetivo pela equipe medica e encaminhamento para cirurgia, evitando as complicações graves e cicatrizes cirúrgicas maiores devido a intervenção tardia, muitas vezes já com a peritonite, configurando apendicite complicada.

Além da suspeita do diagnóstico clinico, existem exames laboratoriais e exames de imagem como a ecografia (rede privada), a ultra sonografia (utilizada em crianças e gestantes, para evitar os riscos associados à exposição à radiação), e a tomografia computadorizada.

O tratamento convencional para a apendicite aguda é a retirada cirúrgica do apêndice. A cirurgia pode ser feita de forma convencional, com uma incisão no abdome, ou por cirurgia por vídeo, método mais moderno.

A maioria dos casos de apendicite é tratada com a remoção cirúrgica imediata do apêndice, com altos índices de sucesso. Pacientes com apendicite aguda ficarão internados, recebendo hidratação venosa, controle dos distúrbios hidroeletrolíticos e uso de analgésicos e antibióticos.

A apendicite, se não diagnosticada e tratada rapidamente, pode levar a algumas complicações, como o rompimento do apêndice, o que levaria ao acúmulo de pus dentro do abdome; o surgimento de fístulas, que são conexões anormais entre órgãos adjacentes ou entre órgãos e pele, assim como também pode causar obstrução intestinal.

Além disso, pode ocorrer a evolução para um quadro séptico, que é a infecção generalizada do organismo, colocando em risco a vida do paciente.

Em geral, o quadro de apendicite, quando tratado precocemente, apresenta um bom prognóstico, com uma resposta adequada após a cirurgia, e recuperação em poucos dias após o procedimento cirúrgico.