Niterói promove saúde com inclusão

Gabriel Tortelly, portador da Síndrome de Crouzon, é campeão brasileiro - Foto: Divulgação

Saúde
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Orientados e treinados pelo professor Renato Peixe, crianças e jovens com deficiência vêm usando o Parque Rural de Niterói para aulas de equoterapia e para treinamento em competições estaduais e nacionais. O projeto, ainda em fase embrionária, começa a criar uma geração de vencedores. Um deles já é campeão de Hipismo na modalidade paratambor e outros já são destaques em suas categorias.

Na nova leva de vencedores, Gabriel Tortelly, 39 anos, portador da Síndrome de Crouzon, já é campeão brasileiro. Ele compete com
auxílio de seu treinador por conta do comprometimento visual imposto pela síndrome.

"Ele foi o mais rápido na pista e seu rendimento é diferenciado. Esse ano não foi possível por conta da pandemia da Covid-19, mas no futuro as chances dele e de outros atletas participarem da paralimpíada é muito grande", conta o professor Renato Peixe.

Os alunos do Professor Peixe fazem parte do projeto de equoterapia realizado por ele e sua mulher, a fisioterapeuta Fernanda Lisboa. Há 27 anos, o casal tem uma escola de equitação no Engenho do Mato. Há 16 anos o casal iniciou o atendimento com equoterapia para alunos com deficiência,criando o embrião para a primeira equipe de paratletas do Estado do Rio de Janeiro. O Parque Rural, por sua vez, trouxe mais estrutura e qualidade para as aulas.

"O vice-prefeito, Paulo Bagueira, quando ainda exercia seu mandato como vereador e presidia a Câmara, me apresentou o projeto do Parque Rural e disse que queria o meu trabalho de equitação e equoterapia, integrados ao projeto. Além do Gabriel, que já é campeão, a atleta Maria Clara Lisboa, de 13 anos, é outra promessa nas categorias Jovem B e Junior para principiantes", explica Peixe.

Para Paulo Bagueira, a criação do Parque Rural abriu novas perspectivas e oportunidades em diversas frentes. Agora, a Secretaria de Governo já está empenhada na remodelação do projeto, para que a equitação e a equoterapia, junto com a formação de equipes para competições estaduais e nacionais de hipismo, inclusive de paratletas, se torne uma realidade.

"Aquela região guarda características muito fortes com o campo. O Parque representa criação de empregos, geração de renda, incentivo ao turismo ecológico e desenvolvimento de um polo gastronômico específico. A equoterapia já mostrou os resultados terapêuticos nesse tipo de pacientes e a equipe do Professor Peixe é fantástica. A nossa meta é que, após a campanha de vacinação, a Prefeitura de Niterói dê início aos atendimentos da equoterapia e aulas de equitação para todas as idades e gratuitamente", disse Bagueira.

Segundo Renato Peixe, o tratamento pela equoterapia já é coberto por alguns planos de saúde por conta de seus resultados. Pacientes com austismo e síndromes de Down e Crouzon são alguns dos atendidos pelo projeto. Na equoterapia o contato do aluno com o cavalo e os estímulos passados pelo andar dos animais, além do tratamento em ambiente ao ar livre, são fundamentais na evolução. A equoterapia busca o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência ou com necessidades especiais. A possibilidade de competir esportivamente é outro componente que gera objetivo e quebra de barreiras.

Renato Peixe já atendeu alunos da Pestalozzi e da Andef (Associação Niteroiense de Deficientes). No Parque Rural há mais de 100 alunos cadastrados. O Parque era uma obra esperada há mais de 40 anos e possui uma das maiores pistas cobertas para atividades equestres do Estado. No local existem atividades esportivas, culturais, sociais, ambientais e educacionais, em uma área de aproximadamente 10 mil metros quadrados.