Por Dr. Sérgio Rocha, psiquiatra e fundador da Clínica Revitalis
O Janeiro Branco é uma campanha dedicada à conscientização sobre a saúde mental, promovendo a importância do cuidado emocional e psicológico. Criada em 2014 pelo psicólogo Leonardo Abrahão, em Minas Gerais, a iniciativa surgiu com o propósito de ampliar o diálogo sobre saúde mental na sociedade, desmistificando preconceitos e incentivando a busca por ajuda profissional.
O mês de janeiro foi escolhido por seu simbolismo de recomeço e reflexão, pois no início de cada ano, as pessoas costumam fazer resoluções e pensar em mudanças positivas em suas vidas. O Janeiro Branco propõe que, além de metas profissionais ou físicas, haja um compromisso com o bem-estar mental, ressaltando que emoções, pensamentos e relações também sejam vistas com atenção e cuidado.
A campanha também busca combater o estigma em torno dos transtornos mentais, enfatizando que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física. Por meio de palestras, rodas de conversa, debates e ações de sensibilização em escolas, empresas, hospitais e outros espaços públicos, o movimento visa chamar atenção para a criação de políticas públicas e estratégias de prevenção.
O Janeiro Branco também incentiva a reflexão sobre os determinantes sociais da saúde mental, como condições de trabalho, desigualdade, violência e isolamento, mostrando que o cuidado emocional vai além do indivíduo e envolve a construção de ambientes saudáveis e acolhedores.
Ao longo dos anos, a campanha tem ganhado reconhecimento no Brasil e internacionalmente, sendo apoiada por instituições de saúde, profissionais e pessoas que buscam um mundo mais empático e consciente.
Inúmeros trabalhos são publicados diariamente mostrando o enorme impacto que o tempo de tela , impulsionado também pelo isolamento pós COVID 19, teve na saúde mental das pessoas. Nunca foi tão difícil manter a atenção, conciliar o sono e se relacionar interpessoalmente .
Jonathan Haidt, autor de “ A Geração ansiosa” (em inglês The Coddling of the American Mind), aponta dois grandes vilões no contexto atual: a superproteção na infância e o impacto negativo das redes sociais. Ele defende que crianças e adolescentes estão sendo privados de experiências fundamentais para o desenvolvimento da resiliência emocional, como brincar livremente, enfrentar desafios e aprender a lidar com frustrações. Ao mesmo tempo, o uso massivo de smartphones e redes sociais está associado a uma maior prevalência de ansiedade, depressão, isolamento social e comportamentos de autolesão.
Precisamos e devemos recuperar hábitos passados , como privilegiar o contato pessoal presencial com amigos e parentes, desenvolver a escrita cursiva e a leitura, controlar o tempo de tela e preservar o sono. Além de se alimentar de forma consciente, sem distrações, movimentar-se e praticar atividade física diariamente, não importa como!
Sei que é desafiador, mas cada geração deve cuidar do que está posto para ela. Nunca falar sobre saúde mental foi tão importante. É um debate rico, imprescindível, e possivelmente, um divisor de águas para criação de maior consciência sobre o papel da mente humana , suas potências ,vulnerabilidades e necessidade de cuidado, principalmente diante dos complexos desafios que nos esperam como humanidade.
Janeiro Branco: Origem e Propósito

O Janeiro Branco também incentiva a reflexão sobre os determinantes sociais da saúde mental - Foto: Reprodução
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