Por Denise Emanuele Paz Carvalho
As festas juninas, tão tradicionais no Rio, estão vindo acompanhadas de um dado preocupante: o aumento dos casos de queimaduras. De junho a agosto de 2024, as unidades de saúde do governo estadual atenderam 169 vítimas, contra 145 no mesmo período de 2023, uma alta de 16%.
O alerta é da Secretaria de Estado de Saúde, que reforça os riscos relacionados ao uso de fogueiras, fogos de artifício, bombinhas e até acidentes domésticos com líquidos quentes.
O cirurgião plástico e coordenador médico do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do HTO Baixada, Dr. José Estevam, explica que artefatos considerados inofensivos, como estalinhos, também podem causar lesões. “Eles podem ferir os olhos e as mãos, principalmente das crianças que manuseiam esses dispositivos. E é fundamental evitar o uso de álcool líquido para acender fogueiras ou churrasqueiras, porque isso pode gerar queimaduras gravíssimas, não só em quem está manuseando, mas em quem está próximo”, alerta.
Além dos fogos, os acidentes na cozinha são campeões de ocorrências. Queimaduras com óleo, caldos e líquidos ferventes são comuns nessa época. “É preciso redobrar a atenção, principalmente com crianças. Evitar que elas fiquem na cozinha, estejam no colo ou possam puxar toalhas de mesa que derrubem panelas e líquidos quentes”, reforça o médico.
Em caso de queimadura, nada de recorrer a receitas caseiras. “Esses métodos podem gerar infecções e dificultar o tratamento adequado”, alerta Estevam. O recomendado é lavar a região atingida com água corrente e procurar atendimento médico o quanto antes.
O estado também registrou aumento expressivo nos atendimentos de queimaduras graves na Baixada Fluminense. No Centro de Tratamento de Queimados do HTO Baixada, o número de pacientes saltou 66,7% entre janeiro e maio de 2025, com 40 casos, contra 24 no mesmo período de 2024.
Entre as principais causas estão choque elétrico — muitas vezes ligado ao furto de cabos —, acidentes domésticos, queimaduras causadas por álcool, além de situações mais graves como agressões e tentativas de autoextermínio, frequentemente associadas a quadros de depressão.
O CTQ, que passou por reformas recentes, conta com 9 leitos, sala de balneoterapia para curativos sob anestesia, além de equipe multidisciplinar formada por cirurgiões plásticos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas e outros profissionais. O atendimento é feito via Complexo Estadual de Regulação, priorizando casos graves.